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Felipe Cabral
O ano de 2013, sobretudo nos campos do direito à informação, segurança digital e direito à privacidade, foi marcado por um fato estarrecedor para toda comunidade internacional: as revelações, feitas pelo ex-funcionário da CIA e então contratado da NSA, Edward Snowden. Tais revelações trataram sobretudo dos diversos programas em operação de vigilância global mantidos pelo Estados Unidos da América. O assunto inicialmente chegou a conhecimento público através de veículos de imprensa internacional, em especial o jornal The Guardian através dos escritos do jornalista Glenn Greenwald, e depois percorreram o mundo em grandes veículos de imprensa televisiva, radiofônica, imprensa e digital.
Edward Snowden - o chamado whistleblower americano - e suas revelações tornaram-se pauta através da imprensa e isso iniciou um grande movimento geopolítico de muitas dimensões. Dada a importância do fato, nos fazemos as seguintes perguntas: como os grandes grupos de imprensa trataram o assunto no Brasil? Quais foram as formas de caracterização deste personagem Edward Snowden por aqui? Ele foi pintado como vilão ou herói? Delator ou defensor de direitos? Qual foi a visão predominante construída e amplamente divulgada sobre o fato e sobre seu principal agente? Quais foram as principais semelhanças e diferenças entre o discurso midiativo proferido no Brasil em comparação a estes veículos internacionais? Como o conjunto de empresas que deram apoio ao esquema de vigilância foi tratado por estes veículos em comparação aos governos? Qual foi o peso de cada uma destas partes - empresas e governos - no levantamento dos motivos, circunstâncias e possibilidades de operar um esquema de vigilância global tão massivo?
Através do levantamento e análise de um corpus de 3 meses de mídia impressa no Brasil, pretendemos com esse paper discutir esta questão e demonstrar alguns resultados deste estudo. Nossa opção metodológica é pelo ferramental teórico de análise do discurso e linguística textual, em especial quanto a essa última a análise dos processos de referenciação. Nosso corpus é composto por capas de jornais de grande circulação no Brasil, tais como "Folha de São Paulo", "O Estado de São Paulo" e "O Globo" durante o período de Junho de 2013 a Novembro do mesmo ano. Acrescentamos também a esse corpus, em contraste e comparação aos elementos levantados, a apresentação dos veículos internacionais que lançaram as primeiras notícias sobre o assunto, isto é, os noticiários dos jornais The Guardian, Washington Post e New York Times.
O trabalho está dividido em seis partes: na primeira explanamos sobre o fato de que queremos tratar e sua dimensão social; na segunda apresentamos nosso ferramental teórico e explanamos sobre os conceitos que vamos trabalhar: análise do discurso, elementos da linguística textual tomados como reserva e em especifico os estudos sobre os processos de referenciação. Na terceira parte apresentamos nosso corpus e processamos algumas reorganizações e sistematizações do material, apresentando alguns dados em gráficos e tabelas. Na quarta parte buscamos desenvolver uma noção geral do tema e separamos todos os conceitos e preceitos apresentados pelo material, separando as noções em grupos de significação semântica distintos. Na quinta parte buscamos demonstrar como a visão dos grandes veículos de imprensa brasileiros destoa da visão internacional dos grandes veículos que primeiro apresentaram o tema. E por fim apresentamos as notas finais.
Palavras-chave: vigilância, mídia, imprensa, Snowden.
Referências:
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