13 de maio de 2015
9h30-11h30
MESA 1 – POLÍTICAS CONTEMPORÂNEAS DE VIGILÂNCIA : OPACIDADE, TRANSPARÊNCIA, RESISTÊNCIA
Vigilância pós-Snowden
Prof. Dr. David Lyon (Queen’s University)
In 2013, Edward Snowden revealed that the NSA and its partners had been engaging in warrantless mass surveillance, using the internet and cellphone data, and driven by fear of terrorism under the sign of ’security.’ It is important to consider the technological shifts involved, the steady rise of invisible monitoring of innocent citizens, the collusion of government agencies and for-profit companies, the distinct global reactions to Snowden and the implications for how we conceive of privacy in a democratic society infused by the lure of big data. Also significant are the basic issues of how we frame surveillance, and the place of the human in a digital world.
Segurança, Inteligência, Vigilância, Complacência: Perspectivas Contemporâneas
Prof. Dr. Didier Bigo (Sciences Po e King’s College)
I will analyse the controversies related to the transnationalisation of national security intelligence, the diagonalisation and hybridisation of surveillance, the forms of “servitude volontaire” (neither compliance nor resistance) that are organising everyday internaut behaviours.
Militarização do ciberespaço e resistência distribuída
Prof. Dr. Sérgio Amadeu (UFABC)
A exposição tratará da mudança nas práticas de vigilância e espionagem globais praticadas pelos Estados Unidos e seus aliados, após os ataques de 11 de setembro. Corporações e tecnologias de mercado são amplamente utilizadas pela estrutura de inteligência constituindo uma cadeia de controle social a serviço de um estado de exceção. Ao mesmo tempo, as práticas de espionagem são providenciais aos interesses econômicos de grandes conglomerados econômicos. Neste cenário, ganha força um tipo de resistência baseada nos princípios cyherpunks e na cultura hacker em que a política é realizada pelo desenvolvimento de códigos.
Mediação
Profa. Dra. Fernanda Bruno (UFRJ)
11h45-13h15
MESA 2 – TERRITÓRIO, CONTROLE, DESAPARIÇÃO
Do telecontrole à ‘ocupação’: contenção territorial na metrópole carioca
Prof. Dr. Rogerio Haesbaert (UFF)
A questão territorial ou do “controle do espaço” se torna cada vez mais complexa, tanto pelo alegado aumento da mobilidade e relativização das fronteiras (fenômenos confundidos com “desterritorialização”) quanto pela possibilidade do telecontrole ou controle a distância proporcionado pelas novas tecnologias informacionais. Contextos semiperiféricos como o brasileiro oferecem exemplos desse amálgama complexo entre telecontrole e controle físico, direto, como na chamada política de ocupação das favelas do Rio de Janeiro pelas Unidades de Polícia Pacificadora, que ocorre paralela à sofisticação do aparato de telecontrole via Centro de Operações Rio, um dos mais avançados centros de monitoramento do planeta. Problematizam-se as novas territorialidades daí advindas e o papel da dimensão física dos territórios (incluindo projetos de favelas e grandes vias muradas) nessa nova “regulação da desordem” (Agamben) promovida por políticas não mais de confinamento mas, sobretudo, de contenção territorial, monitorando e “canalizando” as boas e as más circulações.
Miragens da vigilância: as imagens operativas e a estética da desaparição
Prof. Dr. Tadeu Capistrano (UFRJ)
De acordo com Harun Farocki, as “imagens operativas” não têm a função de entreter ou informar, e nem simplesmente de reproduzir ou representar algo, mas elas fazem parte de uma determinada operação. Trata-se de imagens produzidas por dispositivos sensoriais (de rastreamento, monitoramento, vigilância e controle) que desmantelam o trabalho do olho humano ao reconhecerem e interpretarem a realidade como informação. Essas ideias, que estão presentes em várias obras de Farocki, dialogam com as teorias de Paul Virilio e Vilém Flusser sobre a crescente abstração da visão no atual universo das imagens técnicas. Partindo dessas pistas, esta apresentação focaliza a “visão sem olhar” inaugurada por tais aparatos, procurando compreender o estatuto do espectador e do espetáculo na atualidade.
Mediação
Prof. Dr. Rodrigo Firmino (PUCPR)
14 de maio de 2015
9h-10h30
MESA 3: SUBJETIVIDADE, FANTASIA E VIGILÂNCIA
Ciberbullying, “direito ao esquecimento”e o sonho de um passado editável
Profa. Dra. Paula Sibilia (UFF)
Hoje convivemos com uma máquina monstruosa que parece se lembrar de tudo: a internet. A essa fabulosa qualidade dessa tecnologia apontam as reclamações que se erguem contra buscadores como Google, em nome do direito ao esquecimento ou à autodeterminação informativa nas redes digitais. O que se solicita é que sejam apagados certos dados pessoais que se referem a situações do passado e que, embora possam ser verdadeiros, o demandante considera que o prejudicam. Defende-se, portanto, a faculdade de cada indivíduo para administrar por si mesmo as informações referidas à sua pessoa. Para sustentar esses sonhos de controle sobre o caótico acontecer da vida, os mais variados artefatos estão à nossa disposição, tanto técnicos como legais, mas essa promessa parece ilusória numa sociedade que incita à visibilidade e à espetacularização de si para garantir a própria existência.
A fantasia do olhar total
Profa. Dra. Silvia Viana (FGV-SP)
Mediação
Profa. Dra. Rosa Pedro (UFRJ)
11h-12h30
MESA 4: BIOPOLÍTICA, ESTÉTICA, DIVIDUAL
Bioconceitualismo: exercícios, aproximações e zonas de contato
Prof. Dr. Ricardo Basbaum (UERJ)
A partir do desenvolvimento de práticas de ação e intervenção no campo da arte contemporânea, tornou-se necessário demarcar zonas de contato com um território identificado como bioconceitual, em que traços da arte conceitual e do conceitualismo se articulam a elementos de configuraçãobiopolítica, presentes nas formações do circuito de arte em seu processo de reorganização, em curso desde as últimas décadas do século XX: ao mesmo tempo em que se percebe as mutações da arte contemporânea e seu circuito institucional – efeitos da macroeconomia neoliberal sobre o sistema de arte – é preciso considerar a ação de artistas e intelectuais no redesenho de discursos poético-teórico-críticos atentos ao valor do encontro entre sujeito fruidor e obra de arte. No quadro atual, práticas e políticas curatoriais e de mediação, assim como embates em torno dos temas da produção social e da construção do artista, indicam o quanto as questões da espectação/expectação e da imagem do artista se deslocaram para o centro do debate político da arte contemporânea – temas que colocam a produção da obra e o papel do artista como aparentemente subsidiários e acessórios em uma cadeia de produção permeada de automatismos e fortemente regulada. É frente a estas formações que artistas e intelectuais buscam articular práticas poético-teórico-críticas, de modo a desautomatizar e desnaturalizar processos e protocolos e ativar as regiões do encontro, do contato, da experiência, da fala e da escrita.
O espetáculo do dividual. Estéticas de si e vigilância distribuída nas redes sociais
Prof. Dr. Pablo Rodriguez (UBA)
No hay dudas de que vivimos en la sociedad del espectáculo, pero con algunas transformaciones. Si las redes sociales confirman que las relaciones personales se convierten en imagen, como afirmaba Guy Debord, también lo es que las personas mismas no pueden ser entendidas como lo hicieron los siglos XIX y XX. En su texto sobre las sociedades de control y en algunos de sus libros, Gilles Deleuze esboza una figura inquietante que opone a la de individuo: el ámbito de lo dividual, que es una suerte de doble colectivo de las imágenes y de los sujetos sin por ello ser su duplicación. Existirían hoy seres dividuales (ni personas, ni sujetos, ni individuos) que comunican permanentemente y a todo el mundo de su propia vida, alterando las relaciones clásicas entre lo público, lo íntimo y lo privado procurando crear estéticas de sí (Michel Foucault). Por otro lado, toda la actividad de lo dividual es duplicada en el sentido estricto como información, como datos: todos los rastros son acumulados y procesados en el ámbito digital. Esto genera una transformación cualitativa de la vigilancia global que intentaremos interrogar en nuestra exposición. No pretendemos llamar la atención sobre la explosión contemporánea de la vigilancia informacional, pues ello es bien sabido. Queremos mostrar que la novedad fundamental reside en el hecho de que a nosotros, los dividuales, ya no nos importa tanto ser vigilados; o más aún, que la vigilancia ha sido distribuida, como afirma Fernanda Bruno. Por lo tanto, conviene reformular directamente qué deberíamos entender por vigilancia y a qué nuevos peligros no tan evidentes nos enfrentamos.
Mediação
Prof. Dra. Fernanda Bruno (UFRJ)
15 de maio de 2015
9h-11h
MESA 5: VIGILÂNCIA NA AMÉRICA LATINA
Vigilar os Outros: o perigo hispânico nas distopias fílmicas norte-americanas
Prof. Dr. Nelson Arteaga Botello (FLACSO, México)
Se analiza cómo las distopías fílmicas proyectan formas específicas de dominación y las tensiones sociales que viven las sociedades contemporáneas. Se analizan las películas de Blade Runner y Elysium a partir del análisis de cuatro elementos iconográficos que comparten: la ciudad de Los Ángeles, el abandono de la tierra por sus élites, un contexto social multicultural, así como la presencia de tecnologías de vigilancia social. El trabajo analiza cómo estas películas construyen una idea de lo latinoamericano que da sentido a los escenarios apocalípticos que se dibujan del futuro, al tiempo que proyectan el presente apocalíptico que vive hoy América Latina.
Multidões conectadas e movimentos sociais: do zapatismo ao #YoSoy132 e os protestos por #Ayotzinapa
Profa. Dra. Guiomar Rovira (Universidad Autónoma Metropolitana, México)
Desde hace más de 20 años, el uso lúdico y libertario de las tecnologías digitales iniciado por los primeros programadores y hacktivistas se ha profundizado a partir de experiencias concretas que sorprenden en su irrupción y que contrastan con el desarrollo de estrategias tecnológicas para el control social y para el provecho económico. A mediados de los noventa, el surgimiento espontáneo de una red en Internet de solidaridad con el Ejército Zapatista de Liberación Nacional fue un ejemplo inaugural. Poco después, surgió el movimiento altermundista con un poder de convocatoria global. A partir de 2010, Wikileaks mostró la cara oculta del poder e inauguró una serie de revelaciones sobre la cibervigilancia. Desde la Primavera Árabe, las multitudes conectadas se manifiestan de forma intensiva en las redes y en las calles de distintas ciudades del mundo, creando espacios de encuentro tanto in situ como on line, conectando lo local con los flujos globales de la indignación. Se trata de la emergencia de una política en red distribuida, abierta a cualquiera, que enfrenta nuevos riesgos. Explorar la relación entre tecnologías digitales y movilización social es el propósito de esta ponencia, que analiza los casos concretos del movimiento #YoSoy132 y de las protestas recientes contra la desaparición de estudiantes de Ayotzinapa en México.
Políticas da vigilância na América Latina
Katitza Rodriguez (EFF)
Mediação
Profa. Dra. Marta Kanashiro (UNICAMP)
11h15-12h45
MESA 6: TECNOPOLÍTICAS: PRIVACIDADE E CRIPTOGRAFIA
Criptografia como resistência à sociedade da vigilância
Prof. Dr. Marcio Moretto (USP)
Vigilância não é um fenômeno atual. Seu surgimento, na forma como hoje a compreendemos, está intimamente relacionado à formação dos estados modernos. De um lado, a vigilância substituiu o suplício como forma de controle da sociedade. De outro, ela surge como promessa de ferramenta para aplicação de políticas públicas e maior participação política, ou seja, como forma de controle pela sociedade. Mais recentemente, sua forma influenciou e se adaptou às chamadas tecnologias da informação. As primeiras máquinas Hollerith serviram para dinamizar os censos nos Estados Unidos e em diversos países Europeus, inclusive na Alemanha nazista, e os primeiros computadores foram criados com intuito de violar comunicação privada. A popularização da internet e o surgimento das redes sociais complexificaram enormemente esse quadro. Se antes correspondências poderiam ser violadas e dados pessoais tratados estatisticamente, hoje é possível escrutinar a estrutura de redes de relacionamento e encontrar padrões não triviais em uma gigante massa de dados pessoais.
A promessa tecnológica de uma compreensão maior de dinâmicas sociais que permita a superação de desigualdades e maior participação política tem sido ofuscada pela realidade onde dados pessoais são usados para construção de perfis de consumo por empresas e para análise por parte de agências governamentais de segurança. Nesse contexto, a criptografia é uma ferramenta útil de resistência. Aplicações bem escritas, baseadas em primitivas e protocolos sólidos, podem garantir comunicação entre duas partes livre do escrutínio dessas empresas e agências. Longe de ser uma saída para a sociedade da vigilância, aplicações de criptografia podem mitigar alguns de seus problemas. Para tanto, precisamos de critérios para a escolha dessas aplicações que devem incluir pelo menos a auditabilidade do seu código e, nos casos em que se aplique, a criptografia ponta-a-ponta.
Privacidade e Direitos Humanos: as Cidades Inteligentes
Prof. Dra. Natalia Viana (Agência Pública)
Mediação
Prof. Dr. Henrique Parra (UNIFESP)